É impossível uma mídia independente.

A Revista Veja de 09 de maio de 2012 foi impagável. Os escândalos do Carlinhos Cachoeira mereceram capa, mas eu estava mesmo era atrás dos fatos da queda de braço entre os bancos públicos e privados na novela da diminuição dos juros. Nessa busca o que eu encontro?

Logo quando abro a revista, a primeira página dupla é de uma propaganda do Itaú. Já pensei: "Ihh, agora eu quero ver. Isso não vai prestar." Ultimamente estou começando a ouvir mais aquela voz interior que avisa quando alguma tragédia se anuncia. Depois de sermos seduzidos pelo mundo perfeito do Itaú, a revista abre um editorial anunciando que, apesar da capa ser do Cachoeira, eles querem mesmo é falar de juros.


A carta aos leitores manda eu ler o artigo do economista Maílson da Nóbrega, sócio fundador da Tendências Consultoria, que tem no seu currículo clientes de peso como Santander, HSBC, Itaú (o mesmo que anuncia na página mais cara da Veja), Bradesco, Banco Safra, etc. Pois bem, obedeço a ordem da revista e vou ler o artigo do economista.


O colunista decreta que os juros no Brasil são altos por dois motivos:
1) Tributação (culpa do governo)
2) Compulsórios (também culpa do governo).

Ele também me convence que os banqueiros são bonzinhos e os lucros não são a causa dos juros altos. Fico muito bravo com o governo e com a Dilma e prossigo minha leitura. Ao chegar na matéria que a "carta ao leitor" também me ordenou a ler, deparo com uma tabela que foi a responsável por esse post.


Mas o Maílson não tinha dito que a culpa era dos tais compulsórios e dos impostos? Faço as contas e descubro que se pego R$100 no banco R$19,30 vai pra compulsórios e impostos. O lucro do banco me custa R$24,40. Em uma mesma revista uma matéria desmente o que o seu colunista acabou de dizer.

Não há mais nada a fazer. Fecho a revista e vou tentar buscar informações em outro lugar. É querer demais esperar que uma revista e um colunista deponham contra quem os sustenta.